A azinheira à esquerda da enorme bolha de sabão pendurada na cadeira de veludo vermelho disse-me um dia que estava farta das histórias de polícias e ladrões que cresciam nos seus ramos. Estava a contorcer-se à medida que crescia e parecia nunca ter ouvido falar da Nossa Senhora. Que era a de Fátima ainda ninguém sabia. Isso só mais tarde, depois do grande clarão. Antes ainda iam actuar os Santos e Pecadores e o Quim Barreiros.
Meses passados já eram milhares a jurar ter visto uma óptima performance da Nossa Senhora de Fátima. Cada vez está melhor, diziam. O à vontade em cima da oliveira, a empatia com o público, enfim, um autêntico espectáculo de luz e cor. Digno do que se faz lá no estrangeiro. Ora, a azinheira à esquerda da enorme bolha de sabão pendurada na cadeira de veludo vermelho disse-me um dia que estava farta das histórias de polícias e ladrões que cresciam nos seus ramos. E foi também nesse dia que me pediu para a cortar. Cortar, assim... zás! Fiquei incrédulo, pedi para ela repetir e repetir e repetir e ela queria por força que eu a cortasse, assim... zás! Mas eu não posso, eu não posso; posso lá agora cortar-te, ó azinheira, tu estás lá boa da cabeça, agora cortar-te... ia-te cortar com quê? Com uma moto-serra?! Estás maluca? Queres que eu pegue numa moto-serra e venha aqui à noite cortar-te sem ninguém dar por isso, é? Estás doida?! Ainda me apanham! Isto é propriedade privada sabes? Está alugada por Deus ao bispo daqui e olha que problemas com a igreja já me sobram... Nem pensar! Está fora de questão cortar-te assim... zás! Ainda por cima sou escuteiro... é suposto proteger as plantas e os animais. Não, já disse, está fora de questão! Ãh? O quê? Cortar-te assim... zés!?... Ah, isso assim... assim zés! está bem…
Há 3 anos
1 comentário:
o escuteirinho pode sempre pedir emprestado a gillete do sr. jesus para cortar a sra. azinheira...
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