Explosão modernista

Ângulos rectos... 90º
45º 80º 160º 200º 300º
500000º 3000000º 1000000000º
e zombam zumbindo zerbequins zarzubeantes
triângulos a triangular os carros junto aos passeios
os losangos giram em volta de si mesmos
em peões-piruetas cada vez mais rápidas
até levantarem voo

e ZZZZZZZZZzzeezezzezzeeeeeeeeeezzzzzzzzzZHUMMMMMMMMM!!!!
Hu! Hu! Hu! POUM!!!!!!!!!

Chovem oblíqua
Perpendicular
Transversalmente
Linhas rectas e semi-circunferências
Por entre os asteróides-Sintaxe do Planeta Gramática

Abaixo o Planeta!
Morte à Gramática!

O meu meio de expressão é o Universo
Agrilhoado?...
Só pelo corpo que me confina

Mas minha caneta funde-se com o braço
E a cabeça já voa
Em peões
Loops,
Trapézios
Acrobacias
Pelo poder-locomotiva da Mente
Em espasmos
E explosões
De Ideias e Palavras
E já também as palavras explodem
E as letras propagam-se infinitamente pelo espaço e pelo Cosmos
Junto com o lixo celeste
E com os satélites que
Giram à volta da nossa pequena aldeia azul

Tum Catrapum Vum Bum Bum!!

A palavra é uma caixa!
Ponham bombas em cada caixa!!!
Eu sou ETA, Eu sou IRA, Eu sou Brigada Vermelha da Linguagem!
Abaixo a linguagem!!!
Silêncio!!!... e Explosão!!!!
Juntos.
Num só!

Quero tocar as estrelas!!!!
Com as minhas unhas dos pés!
Mal cortadas, mal lavadas!
A ceifar o espaço
E a desdobrar-me em papoilas

Que colapse o edifício Clássico
Que exploda e morra tudo
Num big bang-holocausto nuclear-Dia do juízo final-Sodoma e Gomorra-clarão literário
E daí renasça
O Homem novo
O Pós-Pós-Moderno
O Não-Homem
O Universo de linhas rectas perfuradas por carreiros de formigas futuristas em fuga ao fogão da Física

Zarzuela, Flamengo, Fandango, Vira do Minho!!!

Termino não-termino por aqui
Pois a febre está desvanecendo...