terça-feira, agosto 29, 2006

Primeira review do novo e inédito album dos Isabelle Chase Otelo Saraiva de Carvalho: ”You Say Hello And I Say Bairrada”

Imaginem uma peça para violino e piano, articulando a sensualidade cantada do tango e a pulsao do seu dançar. “You Say Hello And I Say Bairrada”, de tiragem limitadíssima, testemunha a vitalidade e originalidade da cena punk-funk virtuosística do séc. XXI em Portugal.
Segundo as palavras dos próprios Isabelle Chase Otelo o som deste album é elegantemente “bruschi, spregiudicati, sporco, urgenti”. O impacto é tanto maior quanto as faixas deste álbum decorrem de um problema específico: o de encontrar modos de equilíbrio entre o encantatório poder do roque, sublinhado pelas guitarras groovy/shoegaze de O Outro Gajo dos Wham e Billy Vanilli, e a relativa placidez sonora dos pianos em vibrações funk vintage num contraponto com a voz de Abono Vox de Família. A electrónica nervosa que encontramos em algumas das faixas faz-nos pensar num Andy Warhol banana technicolor renascido por milagre do baixo ventre da santa da ladeira enquanto que nas faixas mais roque, rápidas, e plenas de sensações woodstockianas (Abono Vox canta a certo ponto: “You gotta love her/Maria da Fonte/Hey avante portugueses/Baby all night long”) fazem deste disco um documento importante para desenhar o mapa de um dos movimentos mais elucidativos da cultura conimbricense dos últimos vinte e sete anos. O cenário sacrossanto daquilo que sobreviveu ao génesis é um aparente palco cuja solenidade é inversamente proporcional às suas acanhadas dimensões e ao público que normalmente se encontra nos seus concertos.
O resultado final deste “You Say Hello And I Say Bairrada” surpreende tanto pela frondosa variedade melódica como pela abalável coerência formal. Três cançonetistas, três pontos cardeais richelieus que nos servem o mote a uma exploração mais aguda de um imenso território por onde se espraiam trepidações corporais e exércitos de chihuahuas com a capacidade frenética de um maestro em delírio pós-absoluto. Benvindos à ausência da metafísica na carnalidade do super homem isabello-nietzschiano.

7 comentários:

Anónimo disse...

estou sem palavras. obrigado. obrigado. obrigado.

Maria Tabucchi disse...

spregiudicati??? traduzam sff.

o outro gajo dos wham! disse...

Acabei de gravar o som do elevador. Ópois amando-te assim que der derivado de não ter internet dans la maison.

* disse...

lê tu! ganda seca, não há bonecos??

franksy! disse...

faz arroz p'ra mim!

Anónimo disse...

http://escreversobremusicaeimpossivel.blogspot.com/2006/08/o-hype-jos-cid-como-diriam-os-gift-h.html

Anónimo disse...

este disco é a melhor coisa que aconteceu à música portuguesa pós-divórcio de oceano e marina morta!