quinta-feira, agosto 23, 2007

Rei nado senão me afogo.

Eram duas vezes, há não muito, muito tempo, um Rei apaixonou-se por um Príncipe. Ora, sabendo o Rei que tal amor era impossível e, até mesmo, eventualmente, quem sabe, sinal, assim, de uma doença, ou isso, resolveu mandar matar o Príncipe. Apaixonar-me por um Príncipe morto será bem mais difícil, pensou, não conseguindo evitar sorrir para o chão.

Chamou então o Chefe da Guarda Real e transmitiu-lhe a sua intenção, dizendo tratar-se de uma questão estratégica para o Reino. O Chefe da Guarda Real, solícito como sempre, e ainda mais quando se tratava de matar príncipes, afirmou que o assunto estaria resolvido naquela noite.

Recolheu o Rei aos seus aposentos e neles, digamos, chorou, se chorar se pode chamar a libertar inadvertidamente lágrimas pelos olhos e soluçar. Foi deitado na cama, vestido, que acordou com linhas de sal a arrepanharem-lhe a cara. De tanto, digamos, chorar tinha adormecido! O Sol já nascera, o que significava que o Príncipe estaria, nesta altura, morto... Sentou-se na cama e ficou a olhar pela janela.

De súbito, bateram à porta do quarto. Era o Chefe da Guarda Real, frenético, desculpando-se por vir incomodar Sua Excelência tão cedo, e ainda mais sem aviso prévio, e ainda mais aos seus aposentos. Contou, incrédulo com as suas próprias palavras, que na noite anterior, quando espetara um punhal directamente no coração do Príncipe, este se transformara num sapo. Ao ar de espanto do Rei, o Chefe da Guarda Real respondeu com a certificação do que dizia. Meteu a mão ao bolso e de lá tirou um sapo.

O Rei recusava-se a acreditar no que via e ouvia. Ficou parado, frio, inpestanejável. Durante largos minutos nada disse, não deixando de tirar os olhos do sapo. O Chefe da Guarda Real que tinha acompanhado respeitosamente o silêncio régio, gelou quando percebeu os olhos do Rei a dirigirem-se aos seus. É conhecida a apetência dos monarcas para castigar exemplarmente os indefesos mensageiros...

Nenhuma ordem ditou, no entanto, o Rei. Ao olhar para o Chefe da Guarda Real, e pegando no sapo, apenas disse: "Estará ele preparado?"

1 comentário:

Anónimo disse...

grande história! sim senhoras! ó larilas!
joão batata